Arepórter

Por que a variante Ômicron representa um “risco global muito alto”

Cepa do coronavírus já foi identificada em 16 países. Até o momento, os sintomas são considerados “incomuns, mas leves”.

Os primeiros casos da variante Ômicron do novo coronavírus foram notificados por cientistas sul-africanos na última semana e, desde então, a cepa se espalha rapidamente pelo mundo. Até a publicação desta reportagem, havia casos registrados em 16 países.

Nesta segunda-feira (29/11), a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que a nova linhagem do vírus causador da Covid-19 representa um “risco global muito alto” de surtos de infecção, os quais podem ter consequências graves em algumas partes do mundo.

“A Ômicron tem um número sem precedentes de mutações de pico, algumas das quais são preocupantes por seu impacto potencial na trajetória da pandemia”, disse a OMS após uma reunião de emergência com ministros da Saúde dos países do G7, em Londres, para discutir medidas capazes de conter a transmissão do vírus.

A Ômicron (B.1.1.529) é classificada como uma variante de preocupação, porque as mutações nela encontradas podem ter causado mudanças no comportamento do vírus, tanto em relação à sua capacidade de propagação quanto à gravidade da doença.

A nova linhagem apresenta mais de 50 mutações, 32 delas localizadas na proteína Spike, parte que o coronavírus usa para entrar nas células humanas e se reproduzir no corpo.

Eficácia das vacinas

Nesta segunda-feira (29/11), OMS afirmou que trabalha com especialistas técnicos para responder à pergunta mais importante sobre a Ômicron: se a variante pode furar a proteção proporcionada pelas vacinas.

A Pfizer e a AstraZeneca já iniciaram testes em laboratório para verificar se os fármacos atualmente administrados são eficazes também contra a Ômicron. Na sexta-feira (26/11), a Pfizer afirmou que já vinha se preparando para a possibilidade de surgimento de novas variantes e disse que, em caso de necessidade, pode ajustar a fórmula de sua vacina e distribuir as primeiras doses de imunizantes em até 100 dias.
A Moderna, por sua vez,  reconheceu “a combinação de mutações representa um risco potencial significativo para acelerar a diminuição da imunidade natural e induzida por sua vacina”.

Sintomas e gravidade da doença

Ainda não é possível definir se as infecções provocadas pela nova cepa causam quadros mais graves, em comparação com infecções causadas por outras variantes, incluindo a Delta.
A médica sul-africana Angelique Coetzee, a primeira a alertar as autoridades sobre a nova variante, afirma ter recebido pacientes com sintomas “incomuns, mas leves”, como fadiga intensa e pulso acelerado. Até então, não haviam sido registrados casos de perda de olfato ou de paladar, como costuma ocorrer com as outras versões do coronavírus.

“Os sintomas deles (dos pacientes no consultório) eram tão diferentes e tão leves daqueles que eu tinha tratado antes”, disse Coetzee, que preside a Associação Médica da África do Sul, ao jornal The Guardian.
A OMS destaca que os dados preliminares sugerem que há taxas crescentes de hospitalização na África do Sul. No entanto, elas podem estar relacionadas ao aumento do número geral de pessoas infectadas pelo novo coronavírus, independentemente da variante à qual o caso está associado.

Casos pelo mundo

A África do Sul é, atualmente, o epicentro dos casos de Ômicron no mundo. Também foram identificados pacientes infectados com a nova variante em países como Alemanha, Austrália, Áustria, Bélgica, Botswana, Canadá, Dinamarca, Escócia, França, Reino Unido, Holanda, Hong Kong, Israel, Itália e Portugal.
Até o momento, não foram registradas mortes associadas à nova variante. No domingo (28/11), a Anvisa informou que um paciente vindo da África testou positivo para a Covid-19. No entanto, ainda não se sabe se a cepa que o contaminou foi a Ômicron.

Transmissibilidade

Apesar de a Ômicron ter chegado rapidamente em países dos cinco continentes, ainda não é possível afirmar que a variante é mais transmissível do que as demais.
Estudos epidemiológicos estão em andamento na África do Sul. As pesquisas visam identificar se o aumento expressivo de casos no país está relacionado às características dela ou a outros fatores, como a baixa taxa de vacinação no país. Vale ressaltar que, até o momento, apenas 24% da população sul-africana concluiu o esquema de imunização.

“Dados preliminares sugerem que há taxas crescentes de hospitalização na África do Sul, mas isso pode ser devido ao aumento do número geral de pessoas que estão se infectando, ao invés de resultado de uma infecção específica”, disse a OMS.

Reinfecção

As primeiras evidências sugerem que o risco de uma pessoa que já teve Covid-19 no passado desenvolver a doença novamente após ser infectada com a Ômicron parece maior, em comparação com as outras variantes de preocupação. Segundo a OMS, mais informações sobre o assunto estarão disponíveis nos próximos dias e semanas.

Fonte: Metrópoles

 

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