A população do Amazonas aguardava com ansiedade a notícia da eficácia da vacina Coronavac contra as variantes P.1 e P.2 do coronavírus.
Após quatro semanas de testes em laboratório, o Instituto Butantan e a Universidade de São Paulo (USP) confirmaram que a vacina Coronavac pode combater e neutralizar as variantes P.1 e P.2 do coronavírus. As duas variantes são as responsáveis pela segunda onda da doença no Brasil, de acordo com informações da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).
A notícia é um alívio para a população amazonense, que enfrenta a segunda onda da Covid-19 e tem a Coronavac como a principal vacina distribuída no Estado.
Caso a Coronavac não fosse eficaz contra a variante P.1, a maior parte da campanha de vacinação realizada no Amazonas teria que ser refeita, dessa vez usando uma vacina capaz de neutralizar a variante do coronavírus.
O estudo que atesta a eficácia da Coronavac foi realizado Instituto Butantan, em parceria com a USP, em um laboratório de biossegurança de nível 3. Os pesquisadores adicionaram os vírus das novas variantes a uma cultura celular que continha o soro de uma pessoa imunizada.
De acordo com o diretor médico de Pesquisa Clínica do Butantan, Ricardo Palacios, os anticorpos presentes no soro neutralizaram a ação da variante P.1.
O estudo realizado consegue averiguar apenas a resposta imune conferida pelos anticorpos e ainda precisa ser investigada mais a fundo. “Sabemos que a resposta imune induzida pela vacina é muito mais ampla. Então é possível que a resposta na vida real seja ainda melhor que no laboratório. É algo que precisa ser verificado com mais testes, como o que estamos realizando na cidade paulista de Serrana”, afirma Palacios.
“A questão das variantes preocupa a todos nós. Precisamos de muita atenção e avaliar se as vacinas produzem anticorpos contra elas. Já sabíamos que a CoronaVac tinha eficácia comprovada contra as variantes do Reino Unido (B.1.1.7) e da África do Sul (B.1.351) e agora sabemos que a vacina é eficiente também contra as variantes P.1. e P.2.”, diz Dimas Covas, presidente do Instituto Butantan.
As novas variantes têm preocupado cientistas de todo mundo por apresentarem características infecto-contagiosas muito diferentes.
A B.1.17, conhecida com variante do Reino Unido, tem uma taxa de transmissão de 30% a 50% maior e uma gravidade dos infectados 30% superior que as demais.
A variante da África do Sul apresenta um aumento da carga viral nos infectados e também maior taxa de transmissão.
Já a variante P.1 foi descoberta em viajantes japoneses que retornavam de Manaus e já está disseminada em todo Brasil. É uma mutação mais transmissível do vírus e principal responsável pela segunda onda de internações em todo o País.
A P.2, registrada inicialmente no Rio de Janeiro, não está entre as variantes de maior risco.